Franquias de Santa Catarina crescem 34,5% em meio à crise

O surgimento de franqueadoras catarinenses e a transferência de sede de redes de outras unidades da federação para Santa Catarina têm feito o Estado ganhar espaço no mundo do franchising em tempos de plena recessão. No ano passado, as redes com sede em cidades de SC tiveram 34,5% de crescimento no faturamento em relação a 2015, enquanto nacionalmente o incremento foi de 8,3% conforme a Associação Brasileira de Franchising (ABF).
 

Com esse desempenho, a participação do Estado na receita total do segmento passou de 2,1% para 2,5%. Em 2014, Santa Catarina sediava 132 redes, número que passou para 133 em 2015 e saltou para 140 no ano passado.

Os resultados chamam a atenção especialmente quando comparados com o varejo como um todo. No país, o setor cresceu 6,6% em faturamento em 2016, quase empatado com a inflação, de 6,29%. No Estado, houve aumento de 5,6%, abaixo, portanto, do IPCA, índice que mede a inflação.
A Ecoville, que produz e vende material de limpeza, foi uma das empresas que ajudaram a ampliar a lista de franqueadores catarinenses. Fundada em 2007 em Joinville, a companhia entrou para o mercado de franchising em meados do ano passado e até agora soma 374 contratos para abertura de unidades pelo país. Já a Loft se encaixa no grupo das que se mudaram para o Estado. A rede especializada em acessórios para celular é originalmente do Rio de Janeiro, mas apagou as luzes do escritório no sudeste no último dia de 2015. Desde então, toda a operação fica em Florianópolis. Segunda a co-fundadora, Rachel Fita, houve três razões para a mudança:
– É um ambiente propício para os negócios, porque há uma sinergia com as startups, tem o polo tecnológico. Além disso, tem os incentivos fiscais para importação dados pelo Estado e o posicionamento estratégico, já que estamos próximos de três portos – diz Fita, que projeta fechar 2017 com crescimento de 60% no faturamento.
A receita das redes catarinenses também engordou por conta das companhias que já eram franqueadoras e se expandiram, como o Empório Döll, de alimentos saudáveis. A empresa de 37 anos que nasceu em Florianópolis entrou para o franchising em 2012 quando abriu a primeira unidade. Em 2016, inaugurou a quarta loja e ao final de 2017 deve somar três novas franquias em Natal, São Paulo e na capital catarinense.
O Café Cultura é outra rede catarinense que tem crescido. Em 2016, a cafeteria que iniciou a história na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, abriu a quarta franquia, em Criciúma. Neste ano, inaugurou loja própria em São Paulo, e há duas franquias com previsão para o segundo semestre, em Criciúma e Tubarão.
– Nesses três últimos anos, a gente vem trabalhando muito mais na organização e solidificação da marca, para que em 2018 a gente faça uma expansão mais agressiva. No ano que vem, queremos estar em 150 pontos, entre franquias, lojas próprias e pontos de venda – diz a fundadora da rede, Luciana Melo.
Modelo não é imune, mas oferece mais segurança
A diretora regional da ABF Sul, Fabiana Estrela, acredita que o mercado de franchising não vem crescendo apesar da crise, mas motivado, em certa medida, por ela.
– Tem gente que sai do mercado do trabalho e vê a oportunidade de abrir uma franquia, e aproveita esse momento e o dinheiro da rescisão.
Como se trata de um negócio que já foi testado, as franquias tendem a ser vistas como uma opção mais segura em relação a começar do zero, especialmente para quem vai empreender pela primeira vez.
É claro, contudo, que as franquias não são infalíveis. Entre 2015 e 2016, 11% das unidades do país –aproximadamente 24 mil – fecharam as portas, segundo a consultoria Rizzo Franchise. Foi o maior porcentual dos últimos anos.
– Você começa a empreender com uma marca já conhecida, com um modelo testado, e tem também a orientação do franqueador ao franqueado – avalia a coordenadora regional do Sebrae/SC, Soraya Tonelli.