A consulta pública lançada pela Anatel para o regulamento de interconexão faz mudanças profundas na relação entre as diferentes empresas, e essas propostas de alteração foram hoje, 24, melhor explicitadas durante a audiência pública promovida pela agência.
Entre elas, a proposta para o novo regulamento de interconexão traz para a vigilância da Anatel (e futuras regras, se for necessário) toda e qualquer empresa que faz grande trocas de tráfego na rede – seja via CDN ou via transferência de dados diretos ou indiretos. “A Anatel nunca atuou sobre os Serviços de Valor Adicionado, ou OTTs, e a proposta do regulamento é tornar claro como ela pretende atuar nessas relações”, afirmou Nilo Coelho, gerente de Planejamento e Regulamentação da Anatel.
Ele assinalou que a própria Lei Geral de Telecom estabelece, em seu artigo 61, o papel da Anatel. O artigo diz
§ 2° É assegurado aos interessados o uso das redes de serviços de telecomunicações para prestação de serviços de valor adicionado, cabendo à Agência, para assegurar esse direito, regular os condicionamentos, assim como o relacionamento entre aqueles e as prestadoras de serviço de telecomunicações.
” A Anatel quer assegurar o uso das redes de telecomunicações para esses agentes, mas trazendo para si o saneamento desses conflitos, se houver”, afirmou Coelho.
Ele disse que a intenção da Anatel não é regular todo e qualquer serviço de conteúdo de internet, mas todos aqueles que trocam tráfego na rede de telecom. ” A Anatel está propondo abrir esses contratos e entender os conflitos desse mercado”, completou.
Isso significa, disse o técnico, trazer para a Anatel apenas os grandes provedores de conteúdo que geram e trocam muito tráfego na rede, como o Google, Facebook ou Netflix. “Serviços como Uber não têm nada com isso”, explicitou.
Contratos
A nova proposta acaba com as cinco classes de interconexão entre as redes de telecom, que exitem hoje, passando a orientar as interconexão conforme a natureza do tráfego . Segundo Abrãao Silva, superintende de Competição , só haverá interconexão de voz, e de dados, de troca de tráfego e de trânsito. “Estamos aprimorando os conceitos frente a realidade atual”, completou.
Segundo ele, com o passar do tempo, terá que haver uma readaptação de todos os contratos. Pois não haverá mais interconexão entre empresa de SMP com empresa de SMP, mas de dados e de voz.
E é isso, afirmou o diretor da Oi, Luiz Alonso, que preocupa a operadora. “Seria necessário manter as cinco classes de interconexão que existem desde 1998. Pois caso contrário, teremos um custo muito alto para mudar todos os contratos existentes”, afirmou o executivo.
O prazo da consulta pública, que iria terminar no dia 5 de fevereiro, foi prorrogado por mais 45 dias, ou até o dia 22 de março.
Fonte: Tele Síntese