A vice-presidente da agência de classificação de risco Moody’s, Barbara Mattos, apontou que todos os setores da economia vão se beneficiar com a redução dos juros no Brasil, “apesar de haver pouco consenso entre os investidores sobre as expectativas econômicas e setoriais para o Brasil”.
Os analistas do mercado preveem que a taxa básica de juros da economia, a Selic, vai fechar 2017 em 7% ao ano. Atualmente, a taxa foi reduzida ao patamar de 7,5% ao ano.
“Juros menores ajudarão a criar condições para uma transformação mais ampla dos mercados financeiros à medida que a economia se recupera da recente recessão econômica”, informou em relatório.
Segundo a Moody’s, juros mais baixos darão suporte à qualidade do crédito corporativo, aumentarão a importância da gestão de ativos e reduzirão lentamente a dependência que as companhias têm do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“A Moody’s observa que a menor disponibilidade de recursos públicos representa um risco para o desenvolvimento do grande volume de projetos de infraestrutura”, informou a agência.
Papel do BNDES e restrição ao crédito
Embora o BNDES manterá seu papel estratégico e predominante no financiamento da infraestrutura, diz a Moody’s no relatório, “devido à disponibilidade de recursos de longo prazo, novos financiamentos privados crescerão gradualmente tanto via dívida quanto via mercados de capitais, diversificando a base de financiamento da infraestrutura no país”.
Ainda segundo a agência, para os bancos, gestoras de ativos e emissores de infraestrutura, a atual queda nos juros guarda semelhanças e diferenças com o período de 2012 e 2013, quando a Selic recuou para 7,25%.
“Os bancos manterão uma posição cautelosa na concessão de crédito ao setor corporativo até pelo menos 2018, tendo reduzido significativamente seus contratos de financiamento corporativo desde o início de 2016”, conclui a agência.
De acordo com a Moody’s, para ajudar as companhias a cumprir com suas necessidades de financiamento, bancos provavelmente se tornarão mais ativos no papel de assessoria nos mercados de dívida, em parte em função dos juros mais reduzidos.
Fonte: G1